Quem sou eu

Não sei quem sou, que alma tenho.
Quando falo com sinceridade não sei com que sinceridade falo. Sou variamentemente outra, do que um eu, que não sei se existe .. Sinto crenças que não tenho. Enlevam-me ânsias que repudio. A minha perpétua atenção sobre mim perpetuamente me aponta traições de alma a um caráter que talvez eu não tenha, nem ela julga que eu tenha. Sinto-me múltiplo. Sou como um quarto com inúmeros espelhos fantásticos que torcem para reflexões falsas, uma única anterior realidade que não está em nenhuma e está em todas. Como o panteísta se sente árvore, e até a flor, eu sinto-me vários seres. Não sei quem sou!! Sinto-me viver vidas alheias, em mim, incompletamente, como se o meu ser participasse de todas as mulheres, incompletamente de cada, por uma suma de não-eus sintetizados num eu postiço."