quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Estrelas no céu da tarde

Mário Lins

Um bom começo prende o leitor pelas bolas. Ela bocejou, já cansada das frases de efeito que ele disparava a cada dois ou três minutos, microfone na mão e oratória impecável. Nem bolas ela tinha, diabos! Na sua opinião, livros eram escritos como num passe de mágica, em meio a sombras coloridas, ossos envelhecidos e pó de fada encantada. Todas aquelas regras dos manuais eram para os idiotas, para os sem-imaginação.
Quando for criar um personagem, consulte a lista de arquétipos no capítulo três. Ela riu sozinha enquanto olhava pro cara bonito ao lado. Capítulo três… bastava selecionar a personalidade favorita, adicionar água e pronto: salta uma Sherazade no capricho! Mas o bonitão escutava a palestra com tanta atenção que não era pra ser. Não senhor, não podia imaginar um cara daqueles correndo os olhos pelo segredo do Menino Arco-íris e seu tesouro de sonhos roubados.
Ao começar uma cena, procure descrever o local em detalhes. Essa aqui, pensou, tem um zilhão de rostos cinza, paredes furta-cor e um zumbido monótono escapando das grades do alto-falante. Muito pior que a Torre Vermelha, com suas paredes de corpos mutilados e sangue velho. Quem entrava lá sempre morria antes de chegar ao segundo andar, o que devia ser infinitamente melhor do que aturar essa monotonia eterna.
Quando a personagem chega ao final da caverna oculta e vence a provação suprema, inicia-se o terceiro ato ou fase de resolução. Ela achava aquela história de atos tão antiga que não agüentava mais nem ouvir falar. O pior era que ultimamente só davam os mesmos exemplos: Ulisses, Senhor dos Anéis e Matrix. Ninguém mais falava da obra original, A Jornada de Orsínio. Ela gostava tanto da cena em que Orsínio sacava sua espada e cortava fora a desesperança do coração da sacerdotisa…
O final de uma boa história tem que ter a força de um tapa na cara. Se ela ouvisse mais uma frase de efeito, não sabia o que ia fazer. Então percebeu: duas fileiras na frente, um garoto gordinho havia se levantado. Parecia deslocado: camisa suada, olhar perdido, um membro desgarrado do rebanho cinza. Carregava um calhamaço de papéis rabiscados com desenhos de monstros e flores do campo. Estava indo embora.
A palestra não estava nem na metade, mas quando o garoto passou pelo corredor lateral e seus olhares se cruzaram, ela sentiu que precisava ir junto. Finalmente. Saiu atrás dele, numa agitação contente igual a todas as outras vezes. Sorria girassóis e deslizava sobre o chão numa linda melodia. Ansiosa, enrolava cachinhos com o dedo nos cabelos enquanto desenhava estrelas coloridas no céu da tarde. Seu nome era Inspiração. Fazia quase um século que não era musa de ninguém.


Nota pessoal: li esta mágia literaria no site http://www.vacatussa.com/ e é claro que espero que acessem e vejam quantas mais maravilhas há.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Mais uma que do Twitter

Poucos e bons, o ultimo post mostrou um blog fantástico o Sopa de Umbigos http://sopadeumbigos.com.br/
e hoje, mais uma vez navegando nas ondas viciantes do Twitter, descobri um outro Blog maravilhoso, e aqui lhes indico novamente algo que realmente vale a pena.
Sempre acreditei que a poesia não havia morrido mas, não me lembrava de tamanha qualidade, efeito  estasiamento que ela, poesia, causava. Não me lembrava de quando as palavras ainda estavam aqui poderia sentir o frenesi de atirar enchurradas frenéticas de palavras combinadas, que faziam total sentido a emoção, ao coração.

Sintam-se a vontade, para um mergulho em escrita de qualidade!


A verdadeira poesia é uma viagem ao desconhecido. É caos e criação. Vida e morte. Verbo e substantivo. Espanto e descoberta. E mesmo que seja entendida como arma ou alma carregada de futuro, a poesia é a mais imponderável das criações do espírito humano. É fogo e fumaça. Grito e silêncio. Passatempo e sacramento. Solidão e intercambio. Caminho solitário que cruza com o caminho de todos.
E todos nós percebemos, intuímos e sabemos que a poesia é um desafio à razão. Talvez porque ela, poesia, seja efetivamente a única razão possível. É um paradoxo, é claro. Mas quando se trata de poesia é necessário estar aberto a um infindável número de questões complexas e absurdas. Afinal, como é que uma coisa que não serve para nada, ninguém paga aluguel com palavras e nem faz crediário com poemas, pode ser tão necessária e indispensável à vida humana? 






http://www.rubensjardim.com/index.php

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Sopa de Umbigos

Hoje mais uma vez sem saber oq ue fazer e o que porcurar na internet, achei no Twitter
um blog interessante e resolvi dar um boa espiadinha.
Sabe, um nivel bem acima do Rabisco, mas ainda um pouco atrapalhado, nada que atrapalhe conteudos
relevantes, divertidos e bem criativos.
Então #Superindico http://sopadeumbigos.com.br/
e se tiverem um tempinho dêem um follow no twitter deles @sopadeumbigos

Por: interessadissima Parvati

Politicamente chato

Se tem um termo que me incomoda muito é o tal do “politicamente correto”. Ainda mais quando a pessoa fala isso fazendo aquele sinalzinho das aspas com as mãos.
Quando esse termo é usado na primeira pessoa então, aí que soa como demagogia pura, pra mim. (“Simulação de modéstia, pobreza, humildade, desprendimento, tolerância”, como bem diz o Aurélio.)
O mundo está se tornando ‘politicamente chato’. Isso sim!
A cada dia cresce o medo de assumir posturas e expor opiniões. E, por consequência disso, cresce também o distanciamento entre o discurso e as ações.
E o problema disso não é só a incoerência. É a falta de essência.
‘Politicamente correto’, pra mim, é sinônimo de ‘tentativa de aceitação social’. Mas pelo caminho errado.
Porque poucas riquezas são mais valiosas do que ser você mesmo.
Dá trabalho e alguma tristeza, às vezes.
Mas é de uma grandeza absurda!
Publicações de Jack Bianchi em seu blog: www.jackbianchi.com.br/blog